Ser líder, não é ser super herói.
- Tatiana Venditti
- 14 de jul. de 2024
- 4 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar sobre a jornada do herói escrita por Joseph Campbell, em seu livro Mil Faces. Essa jornada sem dúvida alguma consegue elucidar que não, não somos heróis e dessa forma o líder também não é, pois ao contrário do que se pensa, o líder é uma pessoa com os mesmos problemas que todo mundo, com medos, anseios, sensações, angústias, etc. Colocá-lo no nível de herói é um grave erro a se cometer, transferindo sem dúvida alguma uma carga muito pesada para ele.
As 12 etapas da jornada do herói de forma resumida e atualizada com a realidade das empresas, são:
O mundo comum, trazendo para o líder, aqui geramos identificação com ele, já que se demonstra as forças, fraquezas, a humanidade do personagem;
O chamado à aventura, está ligado a desafios, quando algo o tira da sua zona de conforto e gera um movimento de posicionamento diante de conflitos, que o obrigam a zelar pela segurança de todos, incluindo a sua;
Recusa do chamado, justamente por preferir à zona de conforto ao conflito, ele recusa possíveis desafios que farão com que ele se indisponha ou se exponha.
Encontro com o mentor, é justamente a ajuda de outra pessoa ou pessoas para impulsionar o herói a enfrentar os desafios que estão surgindo, inclusive com ferramentas para prepará-lo para esse momento;
A travessia do primeiro limiar, trazendo para a realidade, esse é o momento em que o herói de fato enfrenta os desafios/mudanças necessárias, pois ele adquire a autoconfiança necessária para seguir em frente, rumo ao desconhecido;
Provas, aliados e inimigos, nesse momento o personagem sabe com quem pode contar, quem está preparado para seguir com ele, e inclusive sabe quais são as habilidades que adquiriu e o que ainda precisa melhorar para seguir, diante de problemas cotidianos que continuam surgindo pelo caminho;
Aproximação da caverna secreta, momento de pausa, o medo sempre existirá mesmo que numa intensidade menor, é momento de rever os planos e/ou buscar novos aprendizados para recarregar as energias e seguir na jornada;
A recompensa, momento de celebrar as conquistas, ao longo do caminho. Sem dúvida alguma as recompensas são necessárias para estimular o nosso herói a seguir crescendo e buscando outras vitórias e/ou conquistas, adquirindo novas habilidades e aprendizados;
O caminho de volta, é o momento de refletir sobre os aprendizados adquiridos durante toda a jornada e de ser reconhecido por si mesmo e pelos outros;
A ressureição, aqui a confirmação se houve ou não a transformação é colocada a prova, quando o "inimigo", ou seja, novos desafios precisam ser ultrapassados, é colocar à prova a maturidade que esses aprendizados trouxeram e vencer novamente;
O retorno como o elixir, o processo de mudança de fato aconteceu, é perceptível que o herói fez a diferença e conseguiu superar os desafios, é momento de entender quem faz parte e quem não faz, momento de reconhecimento e celebração constantes e sustentáveis.
Relembrou ou conheceu as etapas da jornada do herói escrita por Campbell? Veja que resumi cada uma para você e deixei claro o quanto ela é atual e real com o dia a dia do líder e sua equipe, pois há muita sinergia com a realidade de desafios diários, principalmente quando falamos de empresas e times, entregas, expectativas entre outras. Quando comentei no início que é um erro achar que o líder é um herói, é porque na maioria das vezes achamos que os heróis não tem problemas, ou então que conseguem resolvê-los muito facilmente ou ainda que a solução só depende deles, quando na verdade através da comparação com a jornada do herói fica claro que todas as conquistas são realizadas com as dificuldades que lhe cabem, que muitas vezes a solução não dependerá de uma única pessoa, que aprendizados são necessários para que possamos resolver e fazer diferente, que conversas e a busca pelo conhecimento precisam acontecer e com o líder é assim que funciona também. Saber que há pessoas que vão suprir aquilo que o líder não sabe, é primordial quando se fala de time, de equipe de alta performance. Celebrar as conquistas é combustível para o time seguir mais engajado, rituais são necessários para os combinados e evolução das pessoas.
Além de tudo isso, o ponto crucial para essa relação líder e liderado é a comunicação e a confiança. A clareza de onde se quer chegar e o como, pois por mais autonomia que o líder conceda ao time, por vezes o direcionamento também é importante, afinal, experiência, conhecimento e repertório fazem parte do processo.
Ao final temos um líder cada vez mais preparado e ao mesmo tempo vulnerável e uma relação de confiança com o time que permita que de fato uma equipe de alta performance seja construída. Nessa linha, podemos falar sobre a pirâmide de Patrick Lencione, desenhada no livro: as 5 disfunções das equipes, vamos relembrá-la?
Lembre-se que a confiança é base da pirâmide, é ela que vai impulsionar todas as outras, ou seja, tudo começa pela relação de confiança e com o líder e seu time não é diferente. As discordâncias vão acontecer, fazem parte do jogo, no entanto, havendo de fato uma relação de confiança a rota é revista e os conflitos tratados, ou seja, as conversas acontecem de forma fluída na busca por soluções e o melhor caminho, consequentemente as pessoas se comprometem com os objetivos, com o que é proposto e se responsabilizam pelas suas entregas e pela entrega do todo e dessa forma o resultado vem.
Parece fácil, mas não é, por isso você líder, entenda que você não é um herói que resolverá todos os problemas do mundo e que se abrir para o seu time faz parte da construção da relação de confiança e você liderado, permita se abrir para sua liderança, dando oportunidade de conhecê-lo (a) e apoiá-lo (a), para que essa relação fluída seja construída e que de fato haja uma jornada com vários heróis e não uma jornada de um herói só.
Fica o convite para que essa relação seja construída e vivenciada no dia a dia das empresas, seus líderes e equipes.
Por Tatiana Venditti
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